21de Janeiro,2025

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21 April 2017 Written by  joom e Rui Duarte

Entrevista: joom

GM - Olá João! Bem-vindo, mais uma vez, à GeoMag! Não és estranho aos leitores da revista mas desta vez és o "protagonista" e vais direitinho para a Capa! Obrigado por teres aceite o nosso convite. É um enorme prazer poder fazer esta pequena viagem na tua companhia.

JM - Antes de mais, obrigado pelo convite.

 

GM - Comecemos por uma pergunta muito simples… como devemos pronunciar o teu nick, Joom? Já não é a primeira vez que, ao ouvir da boca de um geocacher a maneira de pronunciar o seu nick, tenho grandes surpresas e me apercebo de dizer verdadeiras alarvidades… [risos] O teu é mais um daqueles que nunca percebi bem como o devia dizer… Jum? Jota Óm?

JM - O mais simples, joom (por alguma razão não é uma maiúscula inicial, todas as letras são minúscula), deve-se pronunciar à portuguesa: j+oom. Como por exemplo a palavra oomância (http://dicionarioportugues.org/pt/oomancia) que diga-se de passagem tem um significado engraçado. Por curiosidade joom são as iniciais do meu nome.

 

GM – Estás a ver?! Até parece que estava a advinhar… para mim era algo muito mais parecido com “zoom”! E tens razão [risos], oomancia tem realmente um significado engraçado! Quem diria?! Começaste nesta brincadeira de, como tu mesmo disseste, “maluquinhos que procuram tamparueres nos montes” em finais de 2009, mas não me parece que essa tivesse sido a tua primeira incursão por aqui. Tu referes que “foi a primeira, oficial” e o teu ?Padrinho? que eras “um (quase-)muggle”. Assumo que estivesses com o cache.a.lot já que é o único registo do mesmo dia na cache.

JM - Sim. Embora só me tenha registado em Novembro de 2009, um dia depois de ter encontrado uma vintena de caches, o primeiro contacto no terreno foi em Maio desse ano. O cache.a.lot que tinha descoberto o geocaching ao explorar as funcionalidades do GPSr que tinha comprado, veio visitar-nos num fim-de-semana grande. E nada melhor para explicar a um amigo, e tirar a desconfiança de que seria verdade ou não, do que irmos para o terreno. Visitávamos Barcelos e como havia ali uma cache, íamos ver como era. Lembro-me de andar à procura de um painel para contar alguma coisa, na cache Lenda do Milagre das Cruzes (https://coord.info/GCQC0Z), e depois de umas voltas lá fomos ao ponto final para nada encontrarmos. Já havia 3 DNf seguidos. A primeira cache que encontrei foi a Torre de Manhente [Barcelos] (https://coord.info/GC1E94B), e encontrar caixas de plástico escondidas, ainda por cima sem rissóis, não foi uma actividade que me tivesse cativado. Só então mais tarde, em Novembro, é que voltei à carga. Também a convite do cache.a.lot, fomos fazer uma caminhada com caches à mistura. Só aí é que fiquei cativado. A primeira desse dia foi 2 - Powertrail do Montemuro - A encruzilhada (https://coord.info/GC1X40X). Aí sim, houve qualquer coisa que me puxou. Se calhar porque não eram caches urbanas e porque era uma boa maneira de nos aproximarmos da natureza.

GM – Isso (para mim) é que é começar com o pé esquerdo!!! DNF numa “multi de gaitinhas” e depois uma “injecção” num Powertrail… ainda assim, cerca de 20 caches ao longo de uma Pequena Rota com 20km, era algo que também era capaz de fazer com agrado, parece-me. Parece-me também, a fazer fé no teu perfil, que ficaste realmente “agarrado” dessa vez. Pode-se dizer isto, uma vez que tens caches registadas em praticamente todos os dias, nos primeiros tempos?

JM - E ainda bem que não encontrei logo nenhuma “casa de bonecas com luzinhas e afins” num local sujo, isso é que era começar com um pé esquerdo. O facto de ser uma cache por quilómetro ajudou a equilibrar a coisa. Se fosse nos moldes actuais, com caches plantadas a poucas centenas de metros umas das outras, com página iguais, repetitivas e desinteressantes e a desenhar algo no mapa, seria mais complicado apanhar o bichinho. Aproveitei o geocaching para, claro, começar a explorar o que havia aqui à volta e também por onde andava. Só mais tarde é que descobri o calendário de caches encontradas e escondidas e outras estatísticas. Inicialmente era procurar nas caches que haviam e estivessem acessíveis. Só depois comecei a ter caches preferenciais e a fazer escolhas nas caches disponíveis.

 

GM – E os primeiros DNF “oficiais”, depois de começares “à séria”? Algum que te desperte alguma recordação mais interessante (desses mais antigos ou em tempos mais recentes)? Não é uma informação simples de recolher tendo como base os nossos perfis no site do Geocaching.com.

JM - DNFs. Tenho alguns que continuo a lembrar-me. Para além dos habituais devidos a naquela altura ainda não ter arte de encontrar a cache (ela está lá mas por alguma razão escapou-me), há alguns que vão ficando. Os primeiros que apareceram eram geralmente por falta de experiência. Foi o caso do primeiro, Uma imagem vale mais do que mil palavras... ou não?, logo numa cache mistério e a mostrar que a dificuldade pode não ser só encontrar as coordenadas. Outros tiveram como resultado o “sorriso” azul porque no momento não estavam reunidas as condições ideais para lá em ir sem ter nenhum sobressalto: The Grey Havens (onde nessa vez nem sequer vi as cordas e quando dei por mim estava sozinho e por cima de onde se tem que passar); My Blue Lagoon (tive a ideia fabulosa de ir lá em Fevereiro. Ainda coloquei o braço dentro de água até ao cotovelo mas as simpáticas dores que senti fizeram-me tomar a decisão correcta: só venho aqui em Agosto); As Duas Torres (caíam blocos de gelo da torre e teria sido uma ma opção tentar subir); The Tower (uma tentativa de FTF que não resultou da melhor forma. A cache escondeu-se dessa vez, mas das outras duas vezes que lá fui a cache apareceu sem problemas); a recordista com 3 DNFs, ♥♥♥ Viana ♥ Fica no Coração ♥ #13 ♥♥♥ (só na quarta visita é que se conseguiu colocar a corda em condições, e na primeira vez apreciei “in loco” aos registos por procuração); um amargo DNF pela logística necessária The Hole Under The bridge - Y (não foi por falta de tentativas mas infelizmente a cache não estava no local), ou num local carregado de história Entrée de guerre du Fort de Souville (só noutra vez é que a cache apareceu, num local lógico e que não sei como não vimos. Mas ainda bem que não a encontrámos pois assim explorámos o espaço com outros olhos) ou quando a cache desaparece como na Hajam opções!!! (era uma tentativa de FTF e até fomos brindados com uma chuva-neve) e mais recentemente a Geo Spyder (a cache não estava nos planos e acabámos por ir por ali sem o material adequado, por exemplo uma lanterna eficaz). Há outro, numa categoria quase à parte, e que resultou num DNF, e também num afastamento das Wherigo por mim, que é esta Rapto no Canto do Ribeiro - TFT01. Havia um limite no tempo mínimo a fazer o percurso (desconhecido para todos), e nós que o tínhamos feito todo e quase na parte final não pudemos continuar pois surgia insistentemente que estávamos a fazer batota. Foi logo ali: DNF.

Alguns dos DNFs têm uma mensagem e que servem para nos lembrar que o ditado popular “cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém” tem razão de ser.

GM – A excelente “The Grey Havens”… Que belíssimo dia de Janeiro aquele onde te acompanhei na “vingança” desse DNF! Façamos aqui um pequeno salto temporal de seis meses, direitinhos para a tua primeira publicação, a Misteriosa João Duarte [GC24GQ2]. Há pouco falavas em “ter caches preferenciais e a fazer escolhas” e hoje sei que as “Mistério” estão no topo das tuas preferências… mas em inícios de 2010, com um rácio de caches encontradas das Tradicionais muito, mas muito, superior em relação a essas, acabas por escolher esse género para te iniciares. Já estavas rendido a essas caches?!

JM - Pois foi, foi uma boa mostra do que o geocaching tem de melhor, esse dia. No início havia duas principais condicionantes: não havia tantas caches mistério como há agora, cortesia das geoartes que além do número, geralmente trazem pouco; e ainda não tinha descoberto alguns truques. E foi graças à muita pesquisa para resolver alguns aqui à volta que ganhei treino e ferramentas necessárias para chegar à solução. Lembro-me de uma cache, na zona, e por não ter uma dificuldade por aí além, onde decidi que não pediria qualquer ajuda. Estive muito tempo, com quem olha para o Taj Mahal, sem descobrir o segundo passo. Por vezes, geralmente quando tinha o meu Excel dos enigmas aberto, e o via ali ainda sem solução, dava mais um tirinho. Num dia, numas dessas tentativas, fez-se luz. Quando tive oportunidade fui lá, resultou num DNF pois a cache tinha desaparecido. Foi a Capela Sto. António [Braga]. Foi quando descobri a Master of Mystery (escolhida para assinalar as minhas 200 caches encontras, que me vi particularmente interessado neste tipo de caches. Na maior parte delas aprende-se algo e é sempre uma sensação de conquista, por vezes com alguns empurrões, ao ver que descobrimos as coordenadas finais. A João Duarte é a minha primeira cache, e sempre que passava na estátua percebia o que tinha de criar e como. Na altura não descobri nada sobre cartões de programação, agora sei um pouco mais, e usei uma solução simples. Respondi muitas vezes a quem me pedia ajuda: “está tudo na página”. E como sei que há quem goste, e muitas vezes colocas caches para alguém com gostos semelhantes, fui criando algumas caches mistério, adequadas aos tempos para exercitar a mioleira prevenindo a chegada da doença do médico alemão. Há quem faça palavras cruzadas, outros gostam de procurar soluções em problemas. São de facto caches extraordinárias, e graças às trocas de mensagens sobre algumas que estavam em resolução (por mim, minhas, ou por outros), fui conhecendo alguns geocachers, alguns só virtualmente, e tenho aprendido bastantes coisas sobre história, ciência e até, em alguns casos, úteis ferramentas. Como exemplo, e graças às pesquisas para encontrar o fio à meada, descobri na U-234 que o urânio usado na bomba de Hiroxima proveio da Alemanha. Obviamente aprendo sempre algo quando crio as minhas caches e tento que quem para quem faça um esforço para encontrar a solução, maior de que ir procurar numa base de dados, que aprenda qualquer coisa e se divirta.

Isto, claro, só acontece nas caches mistério bem concebidas e com conteúdo. Tal como os outros tipos de caches, este não é imune às caches a metro.

 

GM – Não posso deixar de te lançar uma “farpa”… com 150 founds nessa tua cache é curioso que o checker só tenha registado 9 respostas correctas [risos]! Referi que escolheste as Mistério para te iniciares, mas em simultâneo, temos mais duas colocações tuas, estas sim, em formatos mais habituais para os “iniciados”. Curiosamente apenas a Mistério se encontra ainda à disposição da restante comunidade…

O que aconteceu com as Tradicional e Multi? Má escolha dos esconderijos devido a ainda seres “verdinho”? Vejo vários desaparecimentos e manutenções em ambas as caches.

JM - Isso acontece porque o checker foi alterado. Houve uma necessidade de mudança de local e foi mais prático fazer assim. Actualmente a maior parte das tentativas erradas são o resultado dos ensaios com as coordenadas antigas. Coisas da comunidade, que prefere dar a cana do que ensinar a pescarem.

 

Ambas desapareceram demasiadas vezes para serem repostas. A Campo 5 de Outubro era uma nano num banco, e quando recebi uma vez uma foto de quem andava à procura dela, percebi que tinha chegado ao fim. Não havia muito cuidado em procurar e neste caso bastava só sentar e colocar a mão. No Museu da Olaria o problema foi outro. Houve obras no museu e houve necessidade de alterar o esconderijo inicial. O final, e que durou bastante tempo, tornou-se conhecido por alguém fora do geocaching. E como não encontrei alternativa, a cache acabou por morrer. Em ambas o retorno começava a não ser muito recompensador e isso precipitou a sentença condenatória.

GM – Outras caches que sei que entram nas tuas preferências sãos as Earthcaches. Entrando um pouco nas estatísticas, se nos Mistérios há uma miríade de factores que podem ou não influenciar as posições (geoarts e afins que podem ou não ser verdadeiros mistérios) e um geocacher pode ter 3000 mistérios encontrados e não ter resolvido nenhum, não dando para apurar quem “resolveu” a coisa nos moldes correctos, nas Earthcaches é mais simples. E nestas estás (de acordo com o Project-GC) em segundo lugar dos Geocachers com mais ECs encontradas. Tendo em conta que no TOP5 és o único com menos de 7500 caches encontradas (o segundo com menos caches encontradas tem mais de 15000, mais do dobro de ti), percebe-se que tens uma grande fatia de Founds neste tipo em particular. Isto tudo para te perguntar: Porquê? De onde veio esse interesse pela Geologia e seus meandros?

JM - Pois, nas earthcaches é mais simples. Uma simples afirmação e que tem mais do que aparenta, mas já volto ao assunto. O meu interesse particular neste tipo de caches é que na esmagadora maioria das vezes o resultado nunca é um pepino. O retorno de uma visita a uma earthcache é maioritariamente positivo, seja porque o local é fabuloso em termos de riqueza natural (Pico da Nevosa ou Big Waterfalls), seja porque aproveita um pormenor urbano para nos transmitir algo (Tsunami!!!! - DP/EC73), seja por ser uma explicação sobre alguns fenómenos (Pumice rocks density [Sao Miguel - Azores]) ou até mostrar o aproveitamento pelo homem dos recursos geológicos (Enchanted gold in Las Médulas). Acima de tudo é gratificante ter uma aula sobre o mundo que nos rodeia. Visitar uma earthcache é, à partida, uma situação ganha. Por vezes também há as desilusões, geralmente por mal aproveitamento do “material” disponível, mas felizmente são casos pontuais e residuais não afectando a experiência global.

Lembro-me bem quando percebi que havia mais nas earthcaches do que um ícone diferente. Foi depois de visitar uma série delas num dia e que me mostraram, de um outro ponto de vista, locais há muito conhecidos. Havia algo mais do que ir simplesmente ao local. E não posso de deixar aqui um agradecimento especial ao danieloliveira por me ter despertado o gosto pela geologia, adormecido desde os tempos do liceu, e por todo o empenho e trabalho desenvolvido nas earthcaches.

Voltando à expressão inicial: nas earthcaches é mais simples. Infelizmente e porque não é obrigatório (devia ser) a colocação de uma foto no local, começam a proliferar as visitas virtuais às earthcaches transformando-as numa simples consulta das respostas numa qualquer base de dados, enviando-as para quem de direito e justificar mais um sorriso no mapa com um registo desprovido de conteúdo e ao nível do anúncio da chegada de mais um comboio à linha 2 na estação do Entroncamento. Recentemente presenciei uma destas situações. Um relato fantasioso digno das aventuras do Barão de Münchhausen, de uma ida a um local que durante algum tempo teve o acesso vedado devido aos incêndios na zona. Durante uns dias, quase uma semana, só com uma máquina de teletransporte é que se chegava lá. Tenho quase a certeza que quando Buzz Aldrin e Michael Collins se juntarem ao Neil Armstrong irá aparecer alguém a contar que também foi na Apollo XI e encontrou uma cache no Mar da Tranquilidade. Se calhar até uma earthcache sobre a formação da vizinha West Cratera.

Estas atitudes em nada dignificam o geocaching, dando uma ideia errada do que é o mesmo, e não respeitam, pelo menos, quem cria este tipo de caches gastando o seu tempo para procurar a melhor forma de mostrar aquele pormenor em termos geológicos. Lentamente o geocaching transforma-se de uma actividade altruísta, a partilha de algo desde o local, o contentor, os relatos ou as fotos, para uma actividade egoísta em que só interessa um sorriso, ironicamente amarelo, no seu mapa.

Mas é preferível continuar a apreciar os pontos positivos e aqueles momentos que nos dão, a todos, realmente prazer ir procurar uma cache seja de que tipo for, do que dar importância a histórias efabulatórias.

 

GM – Ia mesmo perguntar-te sobre essa verdadeira barrigada de Earthcaches encontradas, na zona de Cascais e arredores, em Fevereiro de 2010 (e por onde tive oportunidade de passear contigo num excelente Earthcaching Day promovido pelo já referido Prof. Daniel Oliveira, em 2015). Assim já não preciso [risos]. Aproveito antes para aprofundar um pouco a tua opinião sobre as “visitas virtuais”, “bases de dados” e afins… não no sentido de se andar sempre a bater do ceguinho, já que se sabe que essas coisas existem e são difíceis de contornar/controlar, mas na perspetiva do “dono” do jogo. No caso das ECs, existiam algumas formas algo eficazes de evitar registos falsos (ALDs e validação de respostas) e a direcção tomada pela GS foi a oposta, tirar as ferramentas da mão dos Owners e facilitar a vida aos restantes. Como vês essa, e outras, tomadas de posição de quem “regula” o geocaching?

JM - As “bases de dados” sempre irão existir. Em termos de formalismo o geocaching é uma base de dados de pontos e bastam poucas acções para se dizer que foi a determinado ponto. A mudança de um ícone para um sorriso no mapa depende essencialmente da palavra de cada um e com resultados imensamente diferentes. A uns a aventura resume-se a uma história informática, com o convívio típico de quem partilha um like no facebook; aos outros a aventura é mais rica, instrutiva, menos ridícula e acima de tudo mais respeitadora de quem coloca as caches.

No caso das earthcaches devia voltar a ser obrigatório a inclusão de uma fotografia no local. Era o equivalente à escrita no logbook. Com as actuais ferramentas disponíveis quase que não há nenhum impedimento para que isso não aconteça. Há os problemas de anonimato e reconhecimento mas isso pode ser sempre contornável com fotografias sem mostrar a cara. Era uma medida simples e que diminuía algumas situações.

Eu no fundo até entendo esta tomada de posição da GS nesta medida, mas não concordo. É um convite à batota. Há, no entanto, um ponto positivo: estimula a imaginação dos geocachers, mas infelizmente para o lado errado. A mesma imaginação usada na procura das respostas, se fosse usada na criação de bons registos e boas páginas de caches, aumentaria, seguramente, a qualidade do geocaching.

Houve recentemente uma grande mudança na forma dos registos: a actualização de uma diferente linguagem, informática, nos URLs presentes. Para mim foi mais uma tempestade em copo de água. Com o tempo apareceram soluções que possibilitam a alteração dos registos para as definições actuais e algumas até se pode fazer em larga escala.

Numa tentativa de melhoria do produto haverá sempre alterações de algumas coisas, algumas numa demonstração de poder dominante e que podiam ser evitadas com maior ponderação ou por ouvir previamente os utilizadores. Não sei quais são os graus de participação que existem por parte da comunidade e que podiam condicionar o tempo de resposta e aplicação de cada mudança. É sempre complicado entender algumas acções sem saber a perspectiva do outro lado, principalmente de um lado empresarial.

GM – Saltemos agora até meados de 2010 e até à tua primeira presença em Eventos, logo dum tipo “irrepetível”… um “10 Years”! Isso foi propositado? No sentido de que te apercebeste da singularidade do “icon”, ou foi casual do género de “É hoje, siga! Vou escolher a minha T-shirt mais colorida e vou até lá!”? [Risos]  

JM - Pois foi. O meu primeiro evento. E já te conto a história da t-shirt, pois lembro-me bem dela. Ainda não tinha participado em nenhum evento. Na zona aqui à volta não conhecia ninguém pessoalmente, nem havia a quantidade que há nos dias de hoje. Foi quando vi os eventos comemorativos dos 10 anos que pensei que seria uma boa oportunidade para ir. Eram eventos diferentes, a celebrar o aparecimento do geocaching, e seria uma boa oportunidade para conhecer alguns geocachers pessoalmente e associar alguns nicks a caras. Na altura não pensei no ícone totalmente diferente mas tinha a consciência que este tipo de eventos seria irrepetível. Dentro das hipóteses disponíveis esta era a mais perto e foi escolhido por isso.

Aproveitei para ir mais cedo para Guimarães, parando aqui e ali para umas caches e, sem pensar, vestido para o Verão. Lembro-me de ter chegado mais cedo, para jantar e que não era o primeiro. Já estavam lá outros com a mesma ideia que a minha, e que não era, de todo, ver a bola. Apresentei-me, na altura a desconhecidos, e comecei a falar com quem me rodeava. Foi um excelente evento para confraternizar. Era um pequeno grupo, reunido à mesa, e todos conseguiam falar sobre aquilo que nos reunia ali: o geocaching.

Só mais tarde, na altura da fotografia de grupo, em que eu era o único de manga curta, é que senti na pele que a t-shirt colorida não era a indumentária mais apropriada. Estava realmente frio para andar assim vestido e ir às caches. Para mim tinha chegado a hora do regresso a casa… e mais descansado, pois aquilo dos maluquinhos à procura de plásticos escondidos era real. Havia, mesmo, mais pessoas a fazer o mesmo.

 

GM – A partir daí, em relação aos Eventos, foi sempre a somar! Já levas umas dezoito dezenas de participações nos diferentes tipos… Ficaste fã? Fazes questão de ir tentando aparecer sempre que possível?

JM - Fã, fã, não é bem a palavra certa. No entanto faço questão em ir a alguns eventos, dependendo da disponibilidade, claro. Os meetings mensais em Braga são, por exemplo, um caso desses e mesmo quando não há evento oficial a aumentar mais um na contagem, tento ir lá. Os eventos, quando não transformados em coisas rotineiras, como as caches a metro, são uma boa forma de conviver com outros geocachers e em muitas das vezes uma boa maneira de integrar quem descobriu recentemente o mundo maravilhoso do geocaching. É também, através dos CITOs, uma boa forma de incentivar a comunidade a arregaçar as mangas e trabalhar para um mundo melhor. Para além do habitual convívio, as zonas onde todos passamos para ir às caches fica mais limpa. Há sempre maneiras de aproveitar a parte positiva dos eventos. Infelizmente com alguns eventos aparecem as “limpezas” na zona em redor e todas as caches são brindadas com registos que nada têm a ver com as caches.

Posso dizer que me tenho divertido e conhecido uma boa parte da comunidade nos eventos. Sem tirar valor a muitos outros, lembro-me bem do VAMOS TODOS TREPAR – CASCAIS (https://coord.info/GC1KBP6) num dos primeiros contactos, ao vivo, com a comunidade local e num sítio onde passei muitas horas na minha juventude. Ou no primeiro Geoacampamento 2011! (https://coord.info/GC2M47R), ainda sem geocaching-pastor, com episódios de geocaching que ainda me recordo. Ou no primeiro Mega que participei, The Great War Mega Event (https://coord.info/GC4F9RK), curiosamente com o cache.a.lot, num local cheio de significado histórico, familiar e não só, e numa demonstração que o geocaching também serve para mostrar outras coisas.

Há também a outra vertente, o outro lado como nas caches criadas e escondidas; os eventos do meu lado, ou nos quais “vesti a camisola”. Vem-me logo à memória o Love Love... Braga (https://coord.info/GC60WBP) em que todos contribuímos para que tudo acontecesse. Ou este, Limpeza na Teixeira (https://coord.info/GC67NRE) que foi uma boa maneira de juntar o útil ao agradável e nos deleitarmos com umas boas cevadas artesanais.

No fundo os eventos são aquilo que nós quisermos desde que haja um bom convívio, uns tempos bem passados e o sorriso na cara que se traz do local seja infinitamente maior que o sorriso no mapa.

 

GM – E acerca do GIGA?! O que nos podes dizer? Mais de 6200 attends num evento… Não sei se fico contente ou “chocado”! Isto não era uma actividade assim para o “secreta”? Coisas escondidas e não se pode dar nas vistas?  

JM - O Giga (https://coord.info/GC50FTF). De repente os astros alinharam-se, cortesia de uma alteração de viagens graças a uma greve de controladores aéreos, e estava na Alemanha a caminho de Mainz. Ao chegarmos ao centro da cidade tivemos o primeiro impacto. Para qualquer lado que olhasse via alguém às caches. Seja o miúdo com o telefone, ou o avô centenário com um GPSr, ou uma família, ou aquele grupo ali a disfarçar, ou aquele outro a pedir para abrandar para tirar uma foto ao TB do carro. Em três dias, em todas as caches que fui cruzei-me com alguém. Seja no ponto zero, seja no caminho ou no regresso. Nas caches mais urbanas, ou mais perto do recinto do Giga, algumas eram passadas de mão em mão e simplesmente se apontava onde era o esconderijo. Não é propriamente o meu conceito de geocaching, ir com uma multidão, mas curiosamente é engraçado pois imediatamente se estabelece uma empatia com alguém que se acabou de conhecer.

Actualmente muito dificilmente o geocaching é “secreto”. Há já bastante divulgação e em algumas circunstâncias até é benéfico: as caches duram mais tempo e é mais fácil explicar o que se anda ali a fazer. Por vezes, nem é necessária qualquer explicação para justificar o porquê de estar ali. Surgem nessas alturas as habituais manobras de disfarce e na qual a fotografia é um aliado poderoso.

Há, no entanto, o reverso dos números. Há um impacto tremendo em algumas caches, desde a curta duração dos livrinhos como a transformação da área envolvente. Há caches que simplesmente não foram plantadas para terem muitas visitas, ou melhor, para não terem um enorme número de visitas. Só vai prejudicar o local e o número de geocachers não dotados para o cuidado com as coisas aumenta. Por exemplo, havia várias caches que deixaram de estar activas nesse fim-de-semana. Não só para garantir a sua longevidade mas também para não serem “encontradas” em modo imaginário e sem nada para contar.

A meu ver acho importante a existência de eventos. É uma boa maneira da comunidade se conhecer e, tal como nas caches, há de tudo. Há o Barca Velha e o branco que só se consegue beber com gasosa. Embora por vezes beber uma zurrapa, num abrigo a ouvir a chuva a cair com amigos numa saída de geocaching é uma experiência sem rival.

 

GM – E em termos de organização? Participaste nas iniciativas? Como é que se entretêm mais de seis mil pessoas?!

JM - Em termos de organização não deve ter sido fácil. Para além do estímulo para haver caches em número suficiente, o principal objectivo para muitos, há muito mais que está escondido: a procura de instalações, opções de dormida e acima de tudo fazer todos os possíveis para que seja positivo para quem visita. Para além de uma feira de várias lojas com produtos relacionados com o geocaching, não só confinados aos tradicionais TBs, GCs e contentores, havia várias outras iniciativas. Locais onde se podia experimentar, por exemplo, um percurso acrobático, como fazer manobras de cordas ou um espaço para actividades infantis. Acabámos por ver um bocado de tudo, mas limitados ao tempo e à quantidade de pessoas no recinto. Curiosamente o Giga só decorria num dia, Sábado, com eventos satélites nos dias à volta, e, respondendo à parte de “como se entretém 6000 pessoas”: são as próprias pessoas que criam o seu próprio entretenimento e diversão. Havia vários pontos de interesse para visitar, para além das caches (por curiosidade na altura havia 81 caches com diferentes combinações e todas no paralelo 50), Mainz é a cidade de Gutenberg e toda a zona do evento era acolhedora para a partilha de experiências. Não havia excursões organizadas às caches vizinhas mas sim convites implícitos para se conhecer a cidade.

É uma experiência enriquecedora mas prefiro os eventos mais pequenos, com menos gente e que proporcionam outro tipo de retorno. Se surgir outra oportunidade de participar, vou? Claro.

GM – Claro! Também participaria… e ainda sou menos fã de eventos que tu [risos]! Mas, além desse ícone algo incomum de se ter, o do GIGA, tens um ainda mais “raro”… pessoalmente nunca o tinha tinha visto no perfil de ninguém, o do “GPS Adventures Exhibit”! Do que “trata” este tipo de eventos? A que se referia, no caso da Alemanha?

JM- É. Ter os diferentes ícones também faz parte, lá está, os números a aparecerem. O que falas é essencialmente uma exposição, quase labiríntica, sobre o geocaching, o sistema GPS, como se o utiliza na procura de caixas de plástico escondidas e com bastantes partes interactivas. Era ao lado do pavilhão onde decorria o Giga e em algumas horas fez-me lembrar a Expo 98 pela quantidade de pessoas à espera. O que vi era bastante educativo, por exemplo havia uma série de fotografias a exemplificar o tipo de terreno a ser usado nas caches. Simples e eficaz. Neste caso, o percurso da exposição, servia também para se encontrar os códigos das labcaches em vários locais e depois de alguma acção por quem procurava algo.

Era a segunda vez na Europa e acho que até agora só ainda houve 3 edições no continente Europeu, logo era uma oportunidade a não falhar e foi uma experiencia bastante didáctica.

 

GM – Ora ainda bem que introduzes o tema das LabCaches… é um dos aspectos mais recentes do geocaching propriamente dito e não me parece que seja falado o suficiente. Sempre achei que seria a grande novidade dos Megas e afins, aproveitadas para substituir o magote de caches que, regra geral, são colocadas durante (para) o efeito, substituindo estas e sendo apetecíveis justamente por estarem disponíveis durante pouco tempo… o que não me parece verdade, de todo. Qual é a tua opinião sobre o assunto? Assumo que tenhas feito algumas em diversos Megas, além das desse Giga… algumas que se destacassem pela originalidade/ideia?

JM - Por opção ainda não encontrei nenhuma LabCache. Acho que no modelo actual são o convite à batota. Roça o ridículo, pois podem ser encontradas sem se estar no local. Isto é, a maior parte das labcaches estão associadas a eventos, ora se as pessoas não participam nesses eventos não “deviam” poder encontrar essas caches. São o exemplo mais claro que há na comunidade do geocaching quem tenha o dom da ubiquidade além de que muitos podiam participar nos Jogos Olímpicos, mas isso é outra história.

Mais a sério. Acho as labcaches fantásticas, com um enorme potencial mas ainda com bastantes problemas de juventude. O facto de se poder interagir com alguém, ou de serem colocadas em locais habitualmente não “legais” abre um enorme leque de possibilidades interessantes. Elas são, de facto, limitadas no tempo (não tanto quanto deviam ou gostaria) e substituem, de forma eficaz, as caches “temporárias” mas o facto de não terem nada que ligue o geocacher ao seu “achamento” denigre a coisa. Como está é uma enorme partilha de códigos. Estive bastante envolvido nas LabCaches do Love Love Braga e pude apreciar o que se passou. Houve muitas encontradas sem visitas ao local ou sequer lidas. É pena, pois a ideia tem pernas para andar, se melhorada e com mais protecções anti-batota. Esse é também um problema de educação da comunidade.

 

GM – Deixemos os eventos de terceiros, para centenas de participantes, e falemos um pouco dos teus, para poucas dezenas (quando ultrapassam a dezena! [risos]). Deixando de lado os “comemorativos” do 29 de Fevereiro, poucos mais sobram do que aqueles que celebram as Montanhas e o Parque Nacional Peneda Gerês! Entramos no teu elemento? Tenho visto imensos anúncios do género “Não necessito de terapia… Necessito é de ir para as Montanhas!”! Fazes parte daqueles em que uma t-shirt destas assentava que nem uma luva? E cadê as “6000 (…)” e “7000 caches encontradas”?

JM - “Esses” eventos comemorativos, que por acaso participam poucos mas que estão abertos a todos, requerem alguma planificação antecipada. Acertar uma data tentando coincidir com o número nem sempre é possível e porque também há caches que merecem ser encontradas como uma comemoração: as 6000, Hefesto (https://coord.info/GC50CYQ), e as 7000, Le bonus ... La porte est en-dedans (https://coord.info/GC6RC0K), foram-no em caches “especiais”. Escolhidas não pela cache, o objecto, em si, mas por tudo o resto, e nestas duas últimas vezes pela oportunidade. Muitas vezes é o passeio, a viagem até chegar ao ponto zero, que vale a pena. A cache é a cereja no topo de um fabuloso bolo de chocolate, suculento e com uma generosa cobertura. O convívio numa caminhada em território agreste e em modo cinemacolor tem outro sabor. Um sabor diferente de uma jantarada ou uma ida às caches dentro de um carro em modo pára-arranca. Uma caminhada de várias horas eleva o geocaching para outro patamar. Aquele que estreita laços de amizade e que proporciona experiências diferentes das do dia-a-dia.

E sim, uma ida às montanhas é uma injecção de vida e é capaz de dar 10 anos de vida a qualquer um. Tenho a sorte de ter o fabuloso território do PNPG não muito longe e como é um local de eleição é o palco perfeito para muitas saídas às caches. Embora já conhecesse algumas zonas antes do geocaching, foi graças às caches que explorei alguns dos seus locais mais recônditos. E há sempre coisas novas para ver, ou rever, e jornadas a partilhar. Toda aquela zona montanhosa está ali à espera para ser explorada e em todas as estações do ano. Há caches? Melhor ainda.

Respondendo à tua pergunta se é o meu elemento. Sim, este tipo de terreno é um dos meus favoritos e uma ida às caches nestas condições, nem que seja só uma nesse dia, é logo colocada à frente de outro tipo de programas. Se vislumbrar a hipótese de um FTF numa caches destas ainda melhor. Uma cache com algum envolvimento e esforço sem relatos anteriores e sem marcas no terreno, tem um sabor diferente.

 

GM – “Jornadas a partilhar”… deixa-me pegar nessa dica [risos]. Uma das tuas “marcas registadas” é, obviamente, o registo, o log.Invariavelmente, detalhados e personalizados e carregadinhos de fotos (quase 26000 fotos nos logs!!). Nem sempre foi assim, certo? Tens verdadeiros textos/relatos em caches e aventuras mais especiais, mas sempre alguma coisa a dizer em todas (praticamente todas?!) as caches por onde vais passando. Tens noção de quando, e o porquê, é que adoptaste esta “postura”?

 

JM - Sim, em muitas caches são mesmo jornadas a partilhar. E é isso que é o geocaching, a partilha, certo? Obviamente que nem sempre foi assim, os registos com muitas letras. Inicialmente até me parecia que havia pouco mais que nada a dizer mas aos poucos fui melhorando o processo de escrita e descobri que afinal há muita coisa para explorar mantendo-se a descrição da procura da cache. É certo que caches que necessitam de mais tempo para serem encontradas originam registos mais longos, existem mais pormenores a contar e é mais fácil encontrar palavras para exprimir a satisfação. Depende essencialmente das caches a visitar e como as que servem de semente e inspiração à escrita estão no lote das preferências é normal que os registos sejam maiores.

A meu ver há uma altura que existe uma nova preocupação na qualidade dos registos: quando colocas uma cache. Acho que ninguém que coloca caches gosta de receber um registo “chapa 5” com a receita de arroz de lingueirão. Igualmente quando vais procurar caches é sempre muito mais simpático, e útil, quando vais ler os últimos registos à procura de algo que te ajude a descobrir o que te está a escapar ter algo referente àquela cache. Por vezes vejo uma vantagem em ir tentar um FTF numa cache, não há leitura estéril e improdutiva.

Faço sempre um esforço para ter registos personalizados. Afinal a cache é única por muitas tentativas que existam para as transformar em gémeas idênticas, por vezes por quem as coloca, e por isso merece atenção individual. Às vezes pode parecer complicado mas há sempre algo para dizer.

As fotografias vieram por acréscimo. Inicialmente não colocava tantas (descobri agora que desapareceram umas quantas), não que não existissem mas porque o método que usava para as colocar com os registos era moroso e trabalhoso. Usando só o site é tudo menos produtivo e muitas vezes fui deixando fotografias para trás até ter uns milhares à espera. Num dia, em conversa, descobri que o GSAK servia para colocar fotografias para além de tratar dos registos (o que eu ainda não fazia). Daí para a frente tudo se transformou e agora só uso essa ferramenta. Escrevo com tempo, escolho as fotografias para cada cache e depois é só dar fogo à peça.

E tal como o tamanho dos registos é directamente proporcional a um tipo de caches, não estou a ver registos de 4000 caracteres numa cache cujo principal interesse é o objecto em si, o número de fotografias acompanha esse efeito. Há caches, principalmente pela paisagem que as rodeiam ou pelo tempo que requerem, que aumentam o formigueiro no dedo indicador direito.

De qualquer forma tento relatar, tanto na escrita como fotograficamente, aquilo que senti na procura das caches, tentando não produzir algo que não gostaria de receber numa cache minha e sem deixar de exprimir a minha opinião, positiva ou negativa.

GM – E por falar em colocar caches… não é só na “procura” que se nota que tens predileção pelas Earthcaches e pelas Caches Mistério. As tuas colocações também revelam essa tua tendência, com dois terços das tuas caches colocadas pertencendo a esses dois tipos. Mas há mais coisas que retêm a atenção ao observar a lista das tuas caches colocadas… uma é a Dificuldade dos mistérios!!! Já não bastava serem Mistérios [risos], ainda têm de derreter a paciência/cabeça aos incautos geocachers?!

JM - É normal que coloque caches que me agradam do ponto de vista de quem as procure. São essas que me cativam e sei que também há quem procure caches com estas características. Assim as caches colocadas por mim reflectem um pouco os meus gostos, tentando sempre mostrar alguma coisa diferente das caches do décimo de milha.

Os mistérios com dificuldade elevada seguem essa tendência. Gosto, de vez em quando, exercitar a massa cinzenta, em vez de, por exemplo, fazer palavras-cruzadas e encontrar uma solução nos vários problemas que se encontram nas caches. Isto enquadra-se perfeitamente nessa “actividade”. E ninguém é obrigado a encontrar todas as caches. Fazem parte do jogo, é certo, e na maior parte das vezes basta procurar um pouco pela solução. Geralmente há sempre disponibilidade de quem cria os mistérios para indicar o melhor caminho. Basta pedir com bons modos e a experiência, para todos, é muito mais gratificante do que só ir ao ponto final. É como estar a ver alguém a comer um gelado e no fim agarrar na embalagem vazia, e depois mostrar aos outros e dizer: “também comi e estava muito bom”, mas a pensar que nem sei o que dizer se me perguntarem pelo sabor do mesmo. Era gelado pelo que sei, seria a resposta adequada. O verdadeiro sabor, o contacto frio com a fantástica textura, o voltar à infância e tantas outras recordações, ficam no limbo e não são devidamente apreciadas. Fica-se simplesmente pela mostra do sorriso mas sem o desfrute.

É verdade que os meus mistérios são complicados e trabalhosos, mas tento que tenham uma certa lógica, com fio condutor numa história e que não sejam só resolúveis por manobras de adivinhação. Servem também para que alguns ainda se mantenham dentro dessa nobre actividade e quase em desuso nos dias de hoje, que é a leitura da descrição da cache. Essencialmente são para quem aprecia o género. Acho que todas as caches colocadas são para um determinado público-alvo.

Há também outro interesse para que existam caches mistério: limitar o número de visitas num determinado tempo. Há locais que não estão preparados para terem, repentinamente, muitas pessoas a circular. Seja por serem locais de natureza a preservar, seja por serem locais urbanos que ao terem demasiado movimento diminuem consideravelmente o tempo de vida da cache.

 

GM – E sobre as ECs? Dás por ti nos passeios/caminhadas a pensar “Que cena fantástica!! Ali ficava mesmo bem uma EC!” ou “Que raio será aquilo? A ver se mando uns emails ao Daniel quando chegar a casa!”? Pessoalmente é a minha postura desde que me “apaixonei” pelas ECs, nomeadamente as do Daniel junto à belíssima costa aqui do distrito de Lisboa. Em termos de founds… saíram-te os tais “pepinos” nos registos ou tens o retorno que esperavas?

JM - Tal como nas caches mistério em que por vezes tropeço por um assunto que merece a pena ser explorado e adaptado a um bom desafio, nas earthcaches acontecem bastantes vezes. Há sempre alguma coisa que chama a atenção e que pode ter potencial para uma earthcache. Foi assim que aconteceu n’ O bastão de Saruman, n’ Os cristais escondidos ou n’ Um aplito no PNPG. Todas descobertas em idas a outras caches e em desvios para ir ali observar o que é aquilo que despertou a nossa atenção.

O difícil é por vezes saber como lhe pegar ou então comentar que um passeio com um geólogo aqui, por exemplo no PNPG, seria bastante produtivo. À conta do “aqui dava uma cena fantástica” tenho vários projectos de earthcaches parados. Uns com pernas para andar mais rapidamente outros à espera de algo para lhes dar um empurrão. De qualquer forma o método não varia muito de teu e assim que vejo alguma coisa de diferente ou com potencial vou pesquisar sobre o assunto. Há bastante informação graças às novas tecnologias e aprende-se muito a ver outras earthcaches. Temas não faltam. E é pena que não seja mais explorado por outros. A meu ver é um bom exercício a criação de uma earthcache, para todos. Havia pelo menos uma maior noção que dão bastante trabalho, contínuo, e que receber respostas iguais (aquelas que andam a circular) não traz, de todo, nenhuma satisfação. Servia como lição de como respeitar melhor quem lhes providencia o sorriso no mapa. Quase que dava uma tese sobre o comportamento humano, a quantidade de justificações nas respostas. Há quem tenha, realmente, uma imaginação prodigiosa.

Em termos de founds, é complicado mencionar as caches más ou naquelas em que retorno seja menor. Há pelo menos uma certeza: aquelas que estão escritas apenas em idiomas que eu não domino. Aqui, por vezes, a lição não é tão interiorizada como o pretendido. Ou aquelas earthcaches cujas páginas estão em imagem. Nada mais inútil do que ir ler a cache no GPS e ver que, ou não está a imagem, ou então é de leitura impossível. E mesmo no telefone por vezes é uma tarefa improdutiva. Por alguma razão os registos são em texto corrido e não em imagem. Há outro factor que interfere no retorno: o facto das perguntas não estarem logo no início. Torna-se por vezes frustrante andar a passar texto, que por vezes só são cópias da wikipedia e ainda com os URLs, à procura do que é preciso fazer.

Em geral as earthcaches “negativas” são aquelas em que não há grande ligação à parte científica e ao que se vai ver. Geralmente são aquelas que basta procurar alguma coisa para se saber as respostas mesmo antes de ir ao local ou com textos enormes e que depois se traduzem em tarefas não muito apelativas. Por isso devia ser obrigatória uma foto, com exif, no local como um dos requisitos das earthcaches. Diminuíam as “aulas” de geologia a lembrar a tele-escola e em grupo.

Mas continuo com a mesma apreciação: globalmente o retorno das earthcaches, é, até agora, bastante satisfatório.

GM – É-me difícil ir conversando contigo e não deixar resvalar o pensamento para alguns debates mais acesos/participados teus no Fórum do Geopt [risos]. Antes de fazer algumas perguntas sobre os tópicos onde participas/aste mais, queria saber a tua opinião sobre utilização dos Forúns, Facebook e afins nesta nossa actividade. Os fóruns até andam bem adormecidos.

JM - Os fóruns e o facebook. São, ou podiam ser mais, um espaço para tirar dúvidas e partilhar o geocaching de cada um. Muitos já o fazem, pelos registos nas caches, mas para além disso é um local onde se pode dinamizar a actividade. Não participo muito nos grupos do facebook relacionados com o geocaching, há bastantes e por vezes é mais fácil ir só a um local. Há quem transforme o seu geocaching em facecaching, passando para o facebook os relatos e as fotos das idas às caches fundo são espaços úteis.

 

GM – Também acho isso… acho que há muitos. Gostava que a coisa estivesse mais concentrada. De vez em quando deixo passar algumas coisas interessantes, até coisas que gostava de aprofundar para a revista, por não as ver em tempo útil, exatamente por estarem dispersas. Voltando aos “tópicos onde participas/aste mais”… estou a falar obviamente daqueles no Geopt relacionados com os “Prémios GPS”. Tens sido um apaixonado contribuidor para as discussões relacionadas com o tema nomeadamente nas “sugestões”. Como tens visto a evolução desta iniciativa?

JM - Tenho visto como uma grande iniciativa, no início, reduzida a uma participação quase não significativa, relativamente ao universo de geocachers e ultimamente quase direccionada para um certo tipo de caches: as de contentor e em locais onde há grande densidade de geocachers.

À partida, e a meu ver, e como estão as coisas, uma cache nomeada ou até vencedora não é sinónimo de cache de elevado retorno satisfatório. Eu gosto de comemorar alguns marcos em caches com significado e não me lembro de alguma vencedora que me cative para um desses festejos. Se calhar a Fenda da Calcedónia pode-se enquadrar nesse lote.

Participei activamente nos critérios de nomeação, essencialmente, porque num dos anos quando fui votar, as caches que me deram mais satisfação nesse ano nem sequer apareciam na lista de caches. E se não posso votar nas que de facto para mim são as melhores, algo estava errado.

Entretanto os critérios foram alterados e quase só se baseiam num factor: favoritos.

O modelo actual sofre de um grande mal. As caches não tem tempo de maturação suficiente para uma avaliação correcta. Aumentando esse tempo as caches efémeras, aquelas que se destinam a ter uma vida curta e com grandes resultados, nem sequer eram nomeadas quando mais vencedoras. Quantas caches vencedoras é que ainda estão de saúde e semelhantes ao seu estado inicial?

A iniciativa pode ser melhorada? Pode. Há interesse pela comunidade? Não creio, dado o grau de participação tanto na escolha dos critérios de nomeação como nas votações. Vamos ver se algo muda ou se há interesse em mudar.

 

GM – Hum… Mais do que nas Vencedores, gostava de não encontrar os teus amigos “pepinos” nas Nomeadas [risos]! Gostava que tivéssemos uma comunidade que se interessasse por isso, por melhorar (neste contexto) as caches apanhadas na iniciativa.

Mas deixemos de lado o malfadado fruto do pepineiro e foquemo-nos nas outras, aquelas que referes como de “elevado retorno satisfatório”. Tenho alguma curiosidade em particular na tua conquista da Noiva! Três anos e meio volvidos da publicação e és detentor do único “found it”!

JM - Pois, é isso mesmo, maior interesse e empenho na comunidade em melhorar a iniciativa. É complicado ver caches nomeadas com erros de Português, ler logo na primeira linha de uma cache “à muito tempo existia..” tira-me do sério, ou caches que não estão completamente dentro das “guidelines” ou com problemas de acessibilidade; leia-se toda a informação contida numa imagem. Infelizmente somos todos humanos e os prémios vieram trazer alguns comportamentos menos éticos para dar visibilidade a determinadas caches. É pena, pois acho que não é, de todo, esse o objectivo de quem os organiza. Mas como há gostos para tudo, há sempre quem goste de pepinos, ou transforme, com varinhas de condão, pepinos em saborosas e deliciosas mangas. E nem todos gostam de mangas. É como a questão da atribuição de favoritos. Há quem os atribua só pelo café ali ao lado da cache, outros porque a cache está, efectivamente, no lote das suas caches favoritas, a nata da nata. Nem todas as caches fantásticas, por muito boas que sejam, têm lugar nessa lista. Para mim as caches, daquelas com C grande, são aquelas que são capazes de despertar o escriba que há em cada um de nós e também chamam por fotografias. Daí que há quem procure caches que tenham bastantes fotografias nos registos. Nem tudo pode ser restringido a números totais de favoritos e visitas.

E falando no topo. É verdade, ir à Noiva foi, novamente, uma experiência fabulosa. Não era a primeira vez que lá ia e nunca pensei que lá voltasse passada uma vintena de anos ou que fosse escalar outra vez. Graças ao geocaching calcei de novo umas botas de escalada. Daquelas que trazem algumas recordações apertadas e, em algumas situações, são autênticos instrumentos de tortura. É uma das caches verdadeiramente de aventura em Portugal a par de algumas caminhadas de longa distância. Daí que não tenha tido, ainda, mais visitas. Requer algum material específico, alguma preparação, tempo disponível e não dá para ir ao ponto final directamente.

Agora com o tempo de suspensão da cache devido à nidificação só outra vez em Julho é que está disponível.

De qualquer maneira nem todas as caches são para serem encontradas por todos. Há para todos os gostos e de todos os feitios.

Não foi só a Noiva que me trouxe “elevado retorno satisfatório”. Há, evidentemente, outras caches nessa lista. Assim de repente e por várias razões:

Montanhas Nebulosas [PNPG] (https://coord.info/GC3C7J6), Do Vale à Montanha (https://coord.info/GC436F3), Gaia (https://coord.info/GC4FVBG), Band of Brothers - Bastogne - Part 6 (https://coord.info/GC10CQ3), Dicen que ... (https://coord.info/GC53AYN),  Zwerge 3 / Dwarfs 3 (https://coord.info/GCPBD0), Master of Mystery #17 – LUXEMBOURG (https://coord.info/GC45DN5), Tonel, o irmão mais alto da Calcedónia (https://coord.info/GC4TYKJ), Ribeira das Cabras (https://coord.info/GC2VYXZ),  Well of River Listica (https://coord.info/GC2RRPW), Estepes do Norte - Are you Tough Enough? (https://coord.info/GC317F5),  Europe's First (https://coord.info/GC43)  ou  Challenge 81 (Rio Frades) - MG12 (https://coord.info/GC1R9P6) , As Albas (https://coord.info/GC3E8ZC), uma das caches que mais nos saiu do pelo para ser encontrada. Condições complicadas.

Todas elas trazem-me à memória boas recordações, de dias bem passados e são uns bons exemplos do que há de melhor no geocaching.

GM – Ora aí está uma selecção bem eclética de geocaches… Multis, Tradicionais, Mistérios, algumas acessíveis e carregadas de visitas, outras bem durinhas e com pouco mais que um punhado de geocachers a arriscar a sua conquista (curiosamente, nenhuma EC, [risos]).

Acredito que muitos geocachers, à semelhança do que se passa com as caches do CLCortez e do MAntunes ali para os lados do Douro, têm vindo “a sonhar” com a Montanhas Nebulosas [PNPG] [GC3C7J6] que referes acima e que “ajudaste” a colocar (eu sou um deles… e ainda nem conseguir ir em busca das outra que referi). É coincidência que a tenhas colocado em primeiro lugar desta lista?

JM - Agora apanhaste-me desprevenido. Não incluí nenhuma earthcache nem sei, de repente, qual foi a razão da ordem desta lista. Correndo o risco de não mencionar algumas, lembro-me rapidamente de três: pelo local fabuloso que é, não tanto pela lição geológica, lembro-me bem da plitvice lakes (https://coord.info/GC1FNKR) ou no contexto mais pedagógico a Pumice rocks density (https://coord.info/GC3WB4P), a lembrar tempos do liceu, ou a fabulosa Dear Nature, is my bath ready? (https://coord.info/GC4ECCE) pela experiência do banho. A primeira vez que lá fui foi em Fevereiro e o contraste do frio do mar de Inverno com o quente de parte da água da piscina vai-me ficar para a vida.

Voltando à lista e pensando melhor não há nenhuma razão para aquela estar no topo. São vários os motivos que me fizeram lembrar esta cache e que vai continuar nas caches que, para mim, está no patamar de fabulosas. Mas para estar logo no início pelo menos é porque marca uma grande aventura. E na qual estive envolvido desde o seu início: a preparação e procura de trilhos. Logo nessa parte percebemos que a jornada seria épica. Quando saímos de Castro Laboreiro, eu e o António, tínhamos uns trilhos nos GPSr, mas com algumas interrogações em algumas ligações. O chegar ao fim, depois de 75 quilómetros nas pernas, com quem chega a Erebor, colocar a cache com mais dois hobbits envolvidos por uma nuvem de formigas aladas e depois ir apaziguar as massacradas pernas num banho nocturno, nos banhos quentes de Lóbios, Rio Caldo Hotsprings (https://coord.info/GC3PD58). É daquelas caches que vale pelo percurso a percorrer, não menosprezando o local final, pelos laços que se formam com quem nos acompanha (não é uma cache para ir sozinho) e por todas os locais, com caches associadas, que se visitam. É para mim uma das verdadeiras caches de caminhada em Portugal, não só pela zona a percorrer bem como o afastamento da civilização em algumas partes. Isto claro está pela óbvia ligação com o universo do Tolkien que qualquer iniciado na história da Terra Média imagina ao ver a paisagem circundante. É quase sempre um prazer ler os relatos de quem a vive.

E como é exactamente pela experiência vivida em cada cache que estas foram incluídas nesta lista, partilho também a razão da sua escolha. As Montanhas Nebulosas já foram mencionadas.

Do Vale à Montanha. Curiosamente também na zona de Castro Laboreiro, mas numa zona não muito explorada e assim sem muitas visitas. O facto de ser nos confins do mundo tem alguma importância para que ainda só haja uma dúzia de visitas em quatro anos de existência. Foi escolhida para celebrar um marco, as 3000 dos Joca.Sara, pela caminhada simpática, pela envolvência paisagística e foi uma bela manhã entre amigos.

Gaia. Não só pelo FTF numa cache em que demorei meses a encontrar a solução mas também pelo desafio de lá chegar. Tivemos que fazer um compasso de espera pois havia ainda gelo na zona e não nos apetecia sentir de forma mais pronunciada o seu efeito. Foi uma boa maneira de acabar 2014 numa das últimas saídas para as caches desse ano.

Band of Brothers - Bastogne - Part 6. Por todo o enquadramento histórico da cache, dos locais que se visita e por no dia em que lá fui haver várias recriações enquadradas na memória dos 70 anos da Batalha das Ardenas. Nesse dia estava frio e neve mas longe dos vinte e oito negativos sentidos por quem dormia nos bosques. Há uma série televisiva que relata bem o que se passou por aqui. Uma cache que serve para pensar.

Dicen que ... Um FTF exactamente dois anos depois de ser publicada. Um bom desafio cultural, fiquei a conhecer mais sobre esta escritora Galega e foi um grande dia de convívio.

Zwerge 3 / Dwarfs 3. Outra cache de importância histórica e carregada de significado além do local ter a capacidade de transformar qualquer um num Indiana Jones. Percorrer um forte da Linha Maginot com seis pisos abaixo de terra é uma experiência inolvidável e sem preço. Ver, numa das paredes das camaratas, uma janela pintada por um soldado com uma vista para o campo dá que pensar. Não é por acaso que é uma das caches com mais favoritos de França e é uma simples caixa de plástico igual às usadas para guardar comida no frigorífico. Por curiosidade encontrei-a quase doze anos, faltavam dois dias, desde a sua colocação.

Master of Mystery #17 – LUXEMBOURG. Um verdadeiro trabalho de equipa na resolução, entre mim e o cache.a.lot separados por quase 1500 quilómetros, e onde havia duas geocoins para ganhar. Uma para quem resolvesse primeiro e outra para quem a encontrasse primeiro. Só ganhámos a última e falhámos por pouco a primeira. Nesse dia houve um evento em Braga e nesse espaço de horas apareceu um verde. Valeu por aquilo que se aprende na resolução, pelo “trabalho” à distância e pelo local final.

Tonel, o irmão mais alto da Calcedónia. Um FTF a solo, a celebrar o Dia Internacional das Montanhas, e num local fantástico pelas vistas. Ir ali ver o nascer do dia é daqueles momentos por que algumas caches merecem ter visitas.

Ribeira das Cabras. Um FTF colectivo numa noite de maluqueira, no primeiro Geoacampamento em Mondim de Basto, e da qual desistimos umas cinquenta vezes, mas como havia algo que nos impelia fomos avançando até chegarmos à caixinha. Passaram quase seis anos e tenho quase a certeza que se falar, agora, com qualquer um dos que lá foi, a simples lembrança trará, certamente, um sorriso nos lábios. Comer uns chouriços assados em aguardente às três da manhã já no parque de campismo foi a celebração apropriada. Marcou verdadeiramente o espírito vivido nesses dias.

Well of River Listica. Um FTF na Bósnia numa cache com quase quatro meses de existência e onde a navegação foi feita com um misto de mapa em papel e GPSr. A qualidade dos mapas ali não é muito boa e é engraçado ver no aparelho electrónico o carro a navegar em nenhures. Foi o primeiro FTF dos meus sobrinhos e cunhados, gogaguiga, e só com alguma persistência é que não resultou num DNF. Foi uma aventura e peras.

Estepes do Norte - Are you Tough Enough? Uma cache fantástica pelo sentimento de conquista, e de desafio superado em lá chegar, e que foi escolhida para assinalar as 2000 caches do pbrandao. Extraordinário desafio e ainda me lembro de vir ali à lagoa, antes de ter descoberto o geocaching, para a ver toda gelada e com neve por estes lados. Para além da subida foi um belo dia de geocaching.

Europe's First. Além de estar num bonito local é uma cache marcante por ser a primeira a ser colocada, como o seu próprio nome indica, no território europeu. Não é todos os dias que se encontra uma cache do ano 2000.

Challenge 81 (Rio Frades) - MG12. A primeira cache que me fez descobrir a matrix e as suas 81 combinações. Até esta cache ser publicada nunca tinha reparado ou ligado muito a este pormenor. Quando a cache apareceu fui ver o que me faltava para completar a primeira volta e onde seria essas caches. Depois de cumprida a primeira parte faltava juntar um grupo para lá ir e com direito a descida do rio. Ainda demorou algum tempo a esperar que todos tivessem os requisitos e esperar para a altura certa. E por pouco falhávamos na janela do bom tempo pois ainda apanhámos alguma chuva e granizo na parte final. Deu para testemunhar o aumento do caudal do rio e acho que ninguém do grupo se esquece desse dia. Foi um saboroso FTF numa cache de verdadeira aventura, além das outras 81 caches a serem encontradas a que lhe dão acesso.

E finalmente As Albas. Outro FTF, mas não foi só essa a razão de ficar neste lote. As condições que vivemos, eu o Fernando Rei e pbrandao, foram das mais duras que apanhei nas lides do geocaching. O tempo não estava simpático para se ir às caches nesse dia mas talvez por isso é que há ainda mais factores para me lembrar deste fabuloso arco granítico. Já lá passei mais um par de vezes e é sempre espectacular.

Obviamente que houve algumas caches que ficaram de fora mas estas continuam registadas nas páginas do livro das caches.

Dentro do panorama actual de caches a metro ou vocacionadas para a bricolage haverá seguramente outras que poderão despertar o interesse e possivelmente entrarão no lote das caches a reter. Aquelas que por alguma razão ou por outra estão na mira e que podem ser incluídas em alguma saída às caches. Depende essencialmente da disponibilidade e dos objectivos dessas alturas. E há tantas caches que por vezes é difícil escolher e acertar no alvo. Dá algum trabalho procurar, seleccionar e depois encontrar as condições apropriadas (ocasião, companhia, clima…) para lá ir.

A título de exemplo da lista destas caches e nas caches portuguesas, 7, só foram nomeadas 3 (Gaia, Ribeira das Cabras e Estepes do Norte). Ou seja não temos todos os mesmos gostos e preferências sobre o que faz uma cache passar para o nível superior.

 

GM – Excelentes aventuras a recordar sem dúvida! Para este ano de 2017, tens alguma coisa especial na calha? Alguma cache daquelas que fazem parte da tua “Bucket List”?

JM - Pois foram, e são. Só pelo facto de me continuar a lembrar delas, e do porquê da existência dessas caches, já valeu a pena ter ido lá. Traz várias das partes mais interessantes do geocaching ao de cima: ir a um local que interessante de um ponto de vista histórico ou natural, uma história bem contada ou uns bons momentos de convívio e aventura. Se for possível juntar tudo para a experiência ainda ser melhor, fantástico.

Não tenho assim nada especial marcado. Há na verdade algumas caches a visitar. Umas que, por alguma razão, ainda estão à espera de FTF já há uns tempos. Algumas que envolvem caminhadas maiores ou com logística diferente ou até outras que têm ficado esquecidas. E outras que são necessárias para algum objectivo. Por vezes depende mais da oportunidade, da zona a visitar e também das condições climatéricas. Há claro algumas caches que continuam do lote “não passa deste ano”. Mas não tenho nada definido.

 

GM – E colocações, como estás nessa vertente? Vai sair alguma coisa, previsivelmente, memorável pela tua mão em 2017?

JM - Há sempre alguns planos de colocação. E só são memoráveis depois de saber a opinião de quem as encontra. Uma coisa é a experiência na colocação, por vezes implicam alguma “aventura”, outra é mesmo se a mensagem chegou ao destinatário. E isso, por vezes e nos tempos que correm, não é tão comum. Não é nada motivante receber relatos da história da carochinha, por vezes a justificar o injustificável, em vez de um registo apropriado à cache encontrada. Este retorno não é estimulante à criação e à colocação de caches. Há sempre quem se contente em vez de tentar resolver um enigma, e assim aprender alguma coisa, obter as coordenadas do ponto final sem passar nos pontos intermédios, virtuais ou físicos. Ou, sem se quer ir ao local, obter as respostas de uma earthcache e assim, estar legitimado para a encontrar. Ou até numa cache de acesso complicado, ficar a olhar sem sequer tentar. E assim é óbvio que o relato dessas descobertas são geralmente textos literários cheios de conteúdo, capazes de nos transformar para esses locais, ou até incentivar a que alguém vá lá,

Obviamente que vou continuar a colocar caches e para além da descoberta ocasional, tenho algumas em lista de espera. A ver se consigo fazer como tudo imaginado e planeado.

GM – O importante é que te lembres de avisar se alguns desses planos te aproximarem aqui do distrito da Capital! [risos]

E assim chegamos ao fim desta nossa conversa! Obrigado João pela disponibilidade e abertura em partilhar connosco a tua já tão rica presença neste nosso hobbie!

JM - Claro que não. É como tinha referido, os objectivos dependem essencialmente da disponibilidade e dos locais a visitar. Por vezes é ao contrário mas se for para esses lados avisarei certamente.

Agradecido estou eu por poder partilhar, de outra forma, algumas das aventuras no fabuloso mundo do geocaching. Posso dizer que é uma honra receber o interesse da revista sobre geocaching portuguesa. Continuação de um bom trabalho.

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