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24 September 2017 Written by 

A minha praia

Em passeio pela região, depois de uma manhã por terras de Palmela, a tarde estava destinada às fantásticas praias da Arrábida. Porém, como divergirmos um pouco no que diz respeito aos gostos, entre o marasmo e a aventura, acabámos por seguir caminhos distintos. Assim, após entregar a Valente às areias edílicas do Portinho da Arrábida, segui à descoberta da Praia dos Penedos (GC39VX1), mais condizente com a minha alma acidentada, sempre à espreita dos abismos.

Estavam as horas a aproximarem-se das 16 quando, depois de estacionar num acesso próximo da pedreira, segui pela encosta a queimar as sapatilhas. Prosseguindo pelos trilhos bem definidos, aproximei-me do grande buraco escavado na encosta e continuei até alcançar o ponto alto. Literalmente! A encosta despenha-se então abruptamente sobre o mar e as vistas são absolutamente incríveis (GC48QM9). Pensar que existe um trilho que desce aquela encosta parece quase surreal. Neste quadro natural de magia, as diferentes tonalidades da água junto à costa tornam as vistas ainda mais especiais!

Apesar de o local convidar à contemplação, o pouco tempo que eu tinha para a empreitada que queria fazer espicaçava-me a continuar. Encetei então a descida vertiginosa. Apesar de ter algumas passagens mais técnicas, o facto de haver muita vegetação ajuda à progressão. Inclusive, acabei ainda por correr um pouco nas partes mais protegidas. Foi também então que percebi que tinha feito uma grande asneira em ir para ali com calções e meia curtas. O olhar alegrava-se com a vista alucinante, mas as pernas eram riscadas pela vegetação. Faz sentido, afinal estava a descer a Serra do Risco!

A descida acaba por se alongar pela encosta e o trilho apenas desce abruptamente na aproximação ao Cozinhadouro. A construção, junto ao mar, ainda continua a ser usada pelos pescadores e outros turistas. Deve ser fantástico passar ali uma noite em boa companhia! Continuando a minha viagem pelo lado mais selvagem da Arrábida, acedi depois à Praia dos Penedos. Como o nome revela, a praia está repleta de penedos, rochas, pedras e outros calhaus. Apenas resiste uma míngua de areia mais lá para o meio. Porém, era esta a paisagem que eu procurava, pelo que todas as expetativas se cumpriram. Em algumas partes o trilho acaba por ser um pouco mais técnico, mas nada de muito problemático. Inclusive, ainda deu para correr em muitas partes, de penedo em penedo. Ao longo da costa, o mar escavou várias cavidades no rochedo, formando pequenos abrigos na linha.

Como tinha pouco tempo, havia definido o ponto de retorno para as 17h30. A meio da praia e a meia hora do retorno, olhei em frente e acreditei que ainda conseguiria ir à ponta Barbas do Cavalo (GC5HAWT). Galguei então terreno pela praia e aproximei-me da ponta remota. Valeu então ter tido atenção às marés, já que se não estivesse próximo da baixa-mar não teria conseguido atingir o objetivo. Levantou-se então o desafio de subir o rochedo que entra pelo mar. Apesar de estar sozinho, estava confiante que conseguiria subir sem me aproximar do perigo. Subi a ladeira rochosa e apenas parei no cume, alcançando então uma vista global para os dois lados da costa. Desci depois até uma plataforma inferior e encontrei uma janela esplendorosa para o mar. Eram então 17h30 e chegara o momento de regressar.

Feliz da vida, fui saltitando em correrias pela praia e cheguei ao Cozinhadouro, onde aproveitei para explorar mais um pouco o refúgio de mar, cujo acesso por terra é tão difícil quão maravilhoso. A subida da encosta é pesarosa no início, mas depois da parte mais íngreme torna-se mais fácil. Passar novamente pela vegetação picante tornou-se mais difícil, já que os riscos estavam mais incidentes e as pernas mais doridas. Excetuando isso, tudo era perfeito, desde a paisagem à aventura. Um pouco antes das 19h cheguei ao carro e lá prossegui par ao Portinho da Arrábida, impaciente para contar as novidades. O percurso, com cerca de 12 km, pode ser visto aqui.

Adorei a experiência de descer a uma das zonas mais inacessíveis e inóspitas da Arrábida. Em cada regresso, à medida que vamos descobrindo mais desta região, maior é a vontade de regressar. A mistura de mar e montanha não encontra outro esplendor neste retângulo encantado!

Artigo publicado em cruzilhadas.pt

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1 comment

  • Comment Link prodrive 26 September 2017 prodrive

    Fantástico relato. Obrigado António pela partilha!

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