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10 May 2017 Written by  Ricardo Ribeiro

Fotos com História: Mulheres Georgianas

A cena passa-se em Tiblissi, Maio de 2010. Visitava a cidade e o país com um amigo sueco. Os georgianos, na sequência do apoio recebido pelo Ocidente durante e após a guerra de 2008 com a Rússia, veneram tudo o que seja Europeu e, especialmente, Norte-Americano. Ora um sueco à solta pelas ruas é uma anomalia que não lhes passa despercebida, e andar por ali com o Clabbe, não era menos do que passear pelas ruas de uma cidade portuguesa na companhia do vencedor da Casa dos Segredos. Já um português característico, baixinho, escuro e ainda por cima com uns anitos a mais, não tinha sucesso absolutamente nenhum.

Naquele dia atravessávamos uma zona de comércio de rua, a caminho da embaixada da Arménia, onde pretendiamos adquirir os nossos vistos (acabaram por nos mandar dar uma volta, que os vistos eram para ser tratados directamente na fronteira). Caminhávamos a uma certa distância um do outro, em passeios opostos, de câmaras em punho, como soldados em zona de guerrilha, mantendo o espaçamento. Simplesmente é um movimento natural, quando se viaja com outro maluquinho das fotografias, uma forma de dar espaço à criatividade do parceiro, sem pressões de espaço ou de tempo.

Quando verifico a sua posição pelo canto do olho, sinto alguma agitação em seu redor. Um pequeno grupo de mulheres fala-lhe, em georgiano, claro, de forma entusiasmada e amigável. Aproximo-me e compreendo: estavam a oferecer-se para uma fotografia de grupo. As vendedeiras, todas vestidas de preto, matronas na essência, perfilam-se, orgulhosas, como vemos as pessoas simples nas fotos a preto e branco do início do século XIX. Posam para ele, claro, a vedeta alourada da nossa pequena equipa, e eu, aproveito para me deslocar para o lado, tentando captar o momento não como o fotógrafo “oficial” mas como um espectador que assiste à tomada da imagem por outrém. Mesmo assim, uma delas oferece-me o olhar, e sinto que outra se divide, confusa com o súbito aparecimento de outra câmara. Tirei três chapas de rajada, e só me arrependo de não ter feito nenhuma no plano horizontal.

Para minha surpresa, esta foto não teve grande sucesso nos meios em que a mostrei. Para mim é deliciosa, uma captura de um tempo que não voltará, em que as pessoas se comportavam de determinada forma, se vestiam assim, e sorriam com gosto para estrangeiros que recebiam de braços abertos.

Artigo do blog Cruzamundos. Mais textos em http://www.cruzamundos.com/



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